domingo, 27 de novembro de 2011

NÃO SE TRATA DE UM «ADEUS»

"AMIGOS NÃO SE DESPEDEM, MARCAM UM NOVO ENCONTRO"

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No domingo passado informei que aquele meu post seria o penúltimo desta temporada. Na sequência disso direi que esta é a última postagem, por agora.
Há um ano atrás - com a convicção de que, neste momento, a promessa estaria cumprida – prometi que escreveria o meu segundo livro. Não gosto nada de faltar a promessas, mas desta vez faltei mesmo!
Vou, portanto, tentar dar a volta, e dedicar-me à sua feitura. Trata-se, como algumas pessoas sabem, das minhas memórias de África. Ficam, desde já, todos convidados para o lançamento :) que espero ocorra no ano de 2012.
A minha «CASA» vai ficar entreaberta… para receber quem quiser visitar-me. Prometo que retribuirei todas as visitas recebidas. Além disso, quando me sobrar um tempinho, visitarei os blogs amigos e… publicarei um ou outro post, só para não me esquecer de como se faz… :)
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A toda(o)s que, gentilmente, me desejaram melhoras, dedico estes versos, com uma recomendação:
- Mesmo quando estiver doente procure ser bem disposto – ajuda a afastar a doença.

MALDITA VIROSE

Um espirro, outro espirro
E um ataque de tosse.
Será gripe? Nada disso!
Trata-se de uma virose.

Ai, eu! Estava tão bem quando isto me deu!

Os vírus, como se sabe
São bichinhos odiosos
Põem-nos pingo no nariz
E os olhos lacrimosos.

Ai, eu! Estava tão bem quando isto me deu!

Curta é a sua vida
Mas vivem intensamente
Renovam-se em menos de um “ai”
E chateiam solenemente.

Ai, eu! Estava tão bem quando isto me deu!

Mas isto é que é um inferno!
A culpa é do Inverno.
Primavera! Vem depressa!

Para despedida, pondo os olhos no passado com projecção para o futuro… deixo-vos dois vídeos do lançamento do meu livro «LUZ AO ENTARDECER». O original tem cerca de 60 minutos, o que o torna impublicável… “Cortei” o máximo possível, mas mesmo assim tive que o dividir em duas partes.
Se não tiverem paciência para ver tudo… vão saltando… de nenúfar em nenúfar :)

LANÇAMENTO DO LIVRO LUZ AO ENTARDECER






"AMIGOS NÃO SE DESPEDEM, MARCAM UM NOVO ENCONTRO"

domingo, 20 de novembro de 2011

REENCONTRO

Como não tenho passado muito bem de saúde, e ainda não me encontro completamente bem, não tive disposição para compor um post e publicá-lo hoje.
Mas como não quero faltar com a que poderá ser a penúltima postagem (desta temporada), resolvi fazer a reposição de um poema que escrevi há dois ou três anos, e publiquei no meu blog «Olhai os Lírios do Macuá»
´Maispa Luz’ é o pseudónimo que uso para os versos que (sem quaisquer pretensões) escrevo de vez em quando.
Conto com a vossa compreensão.

REENCONTRO

(FOTO MINHA)

REENCONTRO

De repente surgiu o desejo,
de fazer-te um poema.
Dizer-te, por palavras,
Neste nosso reencontro,
O que um simples olhar
Não teria força para expressar.

Quisera, haver em mim, beleza
Para te dar.
Mas a imagem, pelo espelho reflectida,
Mostra que o tempo passou
E não parou.
E como passou!

Para este nosso reencontro
Insinuaste um sinal,
Temendo estragos que o tempo possa ter feito.
“Talvez de flor ao peito”…
Gracejaste, recordando tempos idos,
em que fingíamos ser desconhecidos.

Havia ironia na tua voz,
Brincavas.

Ironia maior a do destino:
Nas marcas deixadas pelo tempo,
Não sobrou espaço para o esquecimento.

Maispa
Luz




domingo, 13 de novembro de 2011

BALADA DAS MÃOS


Ligue o som e acompanhe Moacyr Franco neste belo poema de sua autoria

BALADA DAS MÃOS


Se os teus olhos faltarem um instante da vida
Se o coração vacilar, retardando a batida,
Se o teu corpo cansado, curvasse vencido
Na estrada comprida,
Na batalha perdida.
Tuas mãos,
Só, tuas mãos,
Gêmeas no riso e na dor,
Manterão, sempre acesa a luz,
Votiva do amor.
Mãos que se juntam na prece,
Num momento supremo,
Quando no altar duas vidas se juntam também,
Mãos que abençoam o filho
Que parte talvez, para sempre,
E depois vão tecer um casaco de lã,
Para o neto que vem,

Mãos que dão lenitivo,
Aos que foram vencidos na vida,
Mãos que nunca recusam,
Num gesto o perdão.
Mãos que arrancam das cordas,
De um violino nervoso e agitado,
A música divina
Que torna todos os homens irmãos.
Mãos que após o silêncio que cai
Sobre a vida que cai
Juntam o silêncio àquelas que um dia também foram mãos.
Também foram mãos.
Também foram mãos.

Moacyr Franco



Moacyr de Oliveira Franco (Ituiutaba, 5 de outubro de 1936) é um actor, cantor, compositor e humorista brasileiro.
Começou sua carreira nos anos 60. Sofreu um sério acidente automobilístico na década de 70, o que lhe prejudicou a carreira. Depois do sucesso que vivera na primeira metade da década de 70, nunca recuperou a imensa popularidade que tinha.

Desde então lançou vários discos, além de trabalhar nas principais emissoras do país apresentando, produzindo, escrevendo e actuando em diversos programas. Continua a seguir paralelamente a carreira de cantor, apresentando-se por todo o Brasil.


domingo, 6 de novembro de 2011

LENDA DO OÁSIS DE HUACACHINA



Há, no Peru, um local chamado oásis de Huacachina.
Trata-se de uma região formada por dunas de areia branca, tendo ao centro um belo lago verde, cercado de árvores.
Como em muitos outros sítios naquele país, existe um certo misticismo a respeito deste local.
São muitas as lendas a ele  associadas.
Dentre várias escolhi uma história de amor muito antiga, passada em tempos pré-hispânicos, que conta a vida de uma donzela que, com suas lágrimas, terá formado o lago do oásis.

A Lenda do Amor Perdido
Vivia em Cacaraca, centro indígena de alguma importância, uma donzela de olhos verdes, cabelos negros como azeviche, curvas sensuais como as vasilhas do Templo do Sol de Corikancha (Cuzco - um dos recantos mais sagrados para os incas).
Próximo, em Pariña Chica, vivia Ajall Kriña, jovem de olhar duro e forte, em combate, parecendo o bastão que se ergue na mão do guerreiro ou polida flexa em arco estendido; mas de olhar doce quando em paz, na sua terra, com um riso que fazia lembrar nota de música antiga, lançada por fatigado guerreiro, que regressa após prolongada ausência.
Ajall Kriña enamorou-se perdidamente pela jovem princesa do “pueblo”, de formas arredondadas de virgem.
Um dia, quando a jovem levava na ilharga o cântaro da água pura, a sua alma, apagada e muda até então, abriu a jaula e deixou cantar o seu coração, como uma cotovia:

Mi corazón en tu pecho cómo permitieras;
aunque penda de un abismo,muy hondo,
muy hondo o estrecho
de modo que tú me quieras
como tu corazón mismo.

A princesa Huacachina, a das lágrimas eternas, assim chamada porque desde que os seus olhos se abriram para a vida não fizeram senão chorar, não tardou em corresponder ao carinho profundo, fervoroso e intenso do feliz varão dos olhos mutantes -  de dureza ou doçura, de aço ou de mel.
Todas as manhãs e todas as tardes, nos cálidos ocasos ou nas rosadas auroras, Huacachina, cujas lágrimas parecia haverem secado para sempre, entregava a Ajall Kriña os carinhos do seu coração, as joias da sua ternura, o calor da sual alma pura e simples.
Mas a felicidade, que sempre julgamos eterna, voou como Zéfiro fugitivo que se some por entre as folhas das árvores.
Ordens de Cuzco dispunham que todos os jovens se apresentassem para sair imediatamente a combater a sublevação de um longíncuo “pueblo” beligerante.
Ajall Kriña, com a alma dilacerada, despediu-se da sua jovem feiticeira.
Ela jurou-lhe amor, carinho e fidelidade. Ele, feliz por sentir que ela não o trairia, e não entregaria o seu coração a nenhum outro, marchou com os outros do seu “pueblo” a caminho do “pueblo” revoltoso, a fim de debelar a rebelião e sufocar o movimento sacrílego contra o ‘Deus-Inca’.
Ajall Kriña, com terríveis feridas abertas, cicatrizes no corpo todo, morre em combate, depois de ter lutado como um leão.
Logo a má notícia chegou a Huacachina.
A bela princesa dos olhos feiticeiros, como louca, desesperada, a coberto das sombras da noite que se aproximava, sem que seus pais se apercebessem, caminhou pelos montes até cair prostrada, abatida, suada.
O pranto que jorrava do manancial inesgotável de seus olhos caía nas areias co

mo panos  de cambraia, e estendiam-se para além da Huega.
As lágrimas rolavam e continuaram rolando muitos minutos, dias, meses… dos seus olhos injectados pela dor.
Quando a fome, a dor, a tristeza e a desventura romperam o frágil ctistal da sua alma e a vida passou veloz, essas abundantes lágrimas, absorvidas pelas areias escaldantes, surgiram à flor da terra, depois de terem saturado as entranhas da terra, que as devolveu por não poder suportar o contágio da imensa dor.
De dia as verdes águas evaporam-se, em pequenas quantidades e sobem até ao céu, como se fossem chamadas pelos deuses para aprender sobre a dor; de noite, quando as sombras e o silêncio empurram a luz e o ruido, a princesa sai, coberta com o manto da sua cabeleira que ondula sobre o seu corpo.
Com esse manto negro, muito negro, mas menos escuro que a sua alma, continua chorando o seu pranto de ausência e tristeza.
Algumas gotas  descobrem-se de manhã, logo ao amanhecer, sobre os raros juncos que às vezes brotam; vêem-se sobre as inúmeras folhas rugosas e notam-se em cada um dos dentes das folhas penteadas da velha alfarrobeira, que estende os seus ramos levantando-se sobre a cama de areia, para pedir aos ceus piedade e consolo destinados à princesa da triste sina, do sonho desfeito, do paraíso perdido

As lágrimas desta mulher, de olhos verdes e cabelo muito negro, foram formando pouco a pouco a lagoa. Diz-se que nas noites de lua nova ainda se podem escutar seus lamentos.