domingo, 8 de agosto de 2010

DESPEÇO-ME ATÉ SETEMBRO

Este é o último post que publico antes de me ausentar para férias, o que ocorrerá no próximo fim-de-semana, sábado ou domingo…

Voltaremos a “ver-nos” aqui, na “CASA”, no dia 5 de Setembro, se tudo correr como programado. Provavelmente publicarei ainda um post no LÍRIOS, na próxima quarta-feira.
Espero poder contar com a vossa boa memória para não me esquecerem nestas duas/três semanas de ausência… ou pensarei que os vossos neurónios estão em baixo de forma. Vou deixar-nos numa companhia óptima – a de Carlos Drummond de Andrade, de quem sou fã declarada.

Carlos Drummond de Andrade é por demais conhecido para necessitar de apresentações. Por isso direi apenas que:
- Nasceu em Minas Gerais, na cidade de Itabira, em 31 de Outubro de 1902, e faleceu no Rio de Janeiro, a 17 de Agosto de 1987.
- Foi um poeta, contista e cronista brasileiro, tendo produzido uma das obras mais significativas da poesia brasileira do século XX.
Além de poesia, escreveu livros infantis, contos e crónicas.

- No mesmo ano em que publica a primeira obra poética, "Alguma poesia" (1930), o seu poema Sentimental é declamado na conferência "Poesia Moderníssima do Brasil", feita no curso de férias da Faculdade de Letras de Coimbra, pelo professor da Cadeira de Estudos Brasileiros, Dr. Manoel de Souza Pinto, no contexto da política de difusão da literatura brasileira nas Universidades Portuguesas.

E agora retiro-me, deixando-vos na companhia do Grande Drummond.

AS MULHERES SÃO FANTÁSTICAS

A Mãe e o Pai estavam a ver televisão, quando a Mãe disse:
- Estou cansada e já é tarde. Vou-me deitar!
Foi à cozinha fazer as sandes para o lanche do dia seguinte na escola, passou água nas taças das pipocas, tirou a carne do congelador para o jantar do dia seguinte, confirmou se as caixas dos cereais estavam vazias, encheu o açucareiro, pôs tigelas e talheres na mesa e preparou a cafeteira do café para estar pronta para ligar no dia seguinte.

Pôs ainda umas roupas na máquina de lavar, passou uma camisa a ferro, pregou um botão que estava a cair. Guardou umas peças de jogo que ficaram em cima da mesa.
Regou as plantas, despejou o lixo, e pendurou uma toalha para secar.
Bocejou, espreguiçando-se, e foi para o quarto.
Parou ainda no escritório e escreveu uma nota para o Professor do filho, pôs num envelope junto com o dinheiro para pagamento de uma visita de estudo, e apanhou um caderno que estava caído debaixo da cadeira.
Assinou um cartão de aniversário para uma amiga, selou o envelope, e fez uma pequena lista para o supermercado. Colocou-os ambos perto da carteira.
Nessa altura o Pai disse, lá da sala:
- Pensei que tinhas ido deitar-te!...
- Estou a caminho – respondeu ela.

Pôs água na tigela do cão e chamou o gato para dentro de casa.
Certificou-se de que as portas estavam fechadas.
Espreitou para o quarto de cada um dos filhos, apagou a luz do corredor, pendurou uma camisa, atirou umas meias para o cesto de roupa suja e conversou um bocadinho com o mais velho que ainda estava a estudar no quarto.
Já no seu quarto, acertou o despertador, preparou a roupa para o dia seguinte e arrumou os sapatos. Depois lavou o rosto, pôs creme, escovou os dentes e acertou uma unha quebrada.
A essa altura, o pai desligou a televisão e disse: “Vou-me deitar”. E foi. Sem mais nada.

Notaram aqui alguma coisa de extraordinário?

Ainda perguntam por que é que as mulheres vivem mais... e são tão MARAVILHOSAS?

PORQUE SÃO MAIS FORTES… FEITAS PARA RESISTIR…

Conte essa história às mulheres fantásticas que conhece. Elas vão adorar!

E para aos homens também: pode ser que eles percebam alguma coisa...
“Existem muitos motivos para não se amar uma pessoa, mas apenas um para amá-la”.

Carlos Drummond de Andrade

(31.10.1902- 17.08.1987)

domingo, 1 de agosto de 2010

QUATRO MESES

Outro dia foi o aniversário da partida de uma senhora por muitos conhecida e muito querida.
Algum tempo antes, chegando de uma das dezenas de consultas médicas que já fizera, ela disse aos familiares:
- Pedi franqueza à junta médica que me examinou, pedi-lhes que não me poupassem de saber a verdade sobre meu estado de saúde.
Eu sinto que me resta pouco tempo.

Diante dos olhares ansiosos, ela continuou:
- Eles me revelaram que sou portadora de uma moléstia incurável e que minha previsão de vida é de aproximadamente 4 meses.
- E a senhora nos conta isso com essa naturalidade ? - perguntou uma das filhas, em prantos.
Continuou a senhora, com muita serenidade:
- Ora, eu tenho um bom tempo para fazer tudo que já devia ter feito há muito:
- Arrumarei todos os meus armários, guardarei o que realmente uso e o resto jogarei fora ou doarei a quem precisa.
- Colocarei belas cortinas em todas as janelas e elas me impedirão de ficar olhando a vida alheia.
- Todos os dias tirarei o pó da casa e, durante esse trabalho, pensarei: - Estou me livrando das sujeiras que guardei do passado
- Evitarei ouvir e assistir a más notícias e alimentarei o meu espírito com leituras saudáveis, conversas amigáveis, dispensarei fofocas e não criticarei a mais ninguém.
- Pensarei naqueles que já me magoaram e, com sinceridade, os perdoarei.
- Todas as noites agradecerei a Deus por tudo que estarei conseguindo fazer nestes últimos 4 meses que me restam.
- Todas as manhãs, ao acordar, perguntarei a mim mesma: - O que posso fazer para tornar o dia de hoje um dia melhor?
- E farei de tudo para transmitir felicidade àqueles que de mim se aproximarem.
- E a cada dia que passar farei pelo menos uma boa ação.

Quatro meses são mais de 120 dias, portanto, quando eu fechar os olhos para nunca mais abri-los, eu terei feito no mínimo 120 boas ações.

Todos que a ouviam, pouco a pouco se retiraram dali, indo cada um para um canto, para chorar sozinho.
A mulher ali ficou e nos seus olhos havia um brilho de alegria.
Pensava consigo mesma:
- " não posso curar meu corpo, mas posso mudar a vida que me resta "
Ela tinha uma grande tarefa: transformar seu mundo interior, tornar-se uma pessoa totalmente diferente do que já fora. Em apenas 4 meses ela conseguiu cumpri-la plenamente.
O mais curioso dessa história é que, após a notícia dada aos familiares, ela viveu mais 23 anos.
Ela curou a sua própria alma e sua moléstia desapareceu; ela morreu de velhice.

Silvia Schmidt


Silvia Schmidt é conhecida na Internet pelo nickname "Humancat". Natural de São Paulo, Capital, é professora de Português, Inglês e Literatura. É formada pela Universidade de São Paulo.
Com centenas de mensagens em PPS e páginas na internet, Silvia é, sem dúvida, uma das poetisas brasileiras contemporâneas mais lidas do mundo virtual.