domingo, 2 de março de 2008

SAUDOSA ÁFRICA DISTANTE - O EQUÍVOCO




O EQUÍVOCO

Jovem, casada há pouco menos de um ano, surge a notícia. O marido vai embarcar dentro de um mês !
Embora já esperada, nem por isso a má nova causa menos dano.
E surgem as lágrimas, das saudades que estão para vir. Com uma gravidez de sete meses, a sensibilidade à flor da pele, sinto-me desesperar. Os dias passam a correr.
E, de repente, chega a hora da separação.
Aguento firme. Interiormente, consolo-me com a ideia de que, em breve, farei o mesmo percurso.
Ignoro todos os conselhos de familiares e até do médico.
- Quem, em seu perfeito juízo, arrisca fazer uma viagem destas, num tão adiantado estado de gravidez ???
- Quem se lembra de ir para uma terra estranha, longe de todos os parentes, onde não há as mínimas condições para dar à luz uma criança?
Obstinada, respondo – eu vou !
E pensava – quero que o meu filho nasça junto do pai.
E fui.
À chegada tudo é estranho. Uma cidade não muito grande, cheia de refugiados do país vizinho, que recentemente declarara a independência; gente diferente da que estava habituada a ver…
Tudo é ultrapassado. A alegria de me reunir ao marido sobrepõe-se a todas as dificuldades iniciais, incluindo a do alojamento.
Começamos pelo apart-hotel, dispendioso, mas a única solução.
Decorrido um mês, instalados num apartamento de um prédio ainda não totalmente construído, com os apetrechos indispensáveis - e possíveis – estamos preparados para viver os próximos dois anos.
A gravidez chegara ao seu termo. O bebé começa a dar sinais de que é chegada a hora de aparecer. Contudo, a espera vai ser longa.
Depois de uma noite sem poder descansar, logo pela manhã é chamada a parteira, que declara, peremptória – temos muitas horas pela frente !
Informado do que se passava, o médico, pessoa maravilhosa e amiga, apareceu. Depois de dizer - “ minha filha, o primeiro filho é sempre demorado; está tudo bem, mas vai ter que esperar com calma” – avisou a parteira e uma amiga presente de que gostaria de assistir ao parto.
Entre gemidos e lamentos, passou-se o dia e mais uma longa noite.
Logo pela manhã as coisas precipitaram-se, e o bebé apressou-se a ver a luz do dia.
A parteira atarefada, a amiga dando apoio, a jovem mãe esforçando-se, já sem forças, a criança aparece. Linda ! Um menino !
Um grande abraço da amiga, que chora de alegria!
É então que a parteira se lembra do médico, e do pedido que ele tinha feito para o chamarem quando chegasse a hora. Pede à amiga que vá à sala avisar o marido, que espera em ânsias, para chamar o médico.
Este, ignorando a recomendação que o médico havia feito, e vendo a amiga aparecer lavada em lágrimas, que eram de pura emoção, apanhou um tremendo susto. A custo balbuciou:
– Há algum problema ?
- Não, está tudo bem, já cá tem um menino. Mas vá depressa chamar o médico, por favor.
Só ouviu – chamar o médico. À velocidade que lhe permitia o coração disparado pela ansiedade, corre em direcção ao hospital. Regressa com o médico, que pelo caminho lhe conta o pedido que fizera à parteira.

Em casa, depois de ter visto o seu filho – o mais bonito do mundo ! – e desfeitas todas as dúvidas, pôde, finalmente, sossegar.
Desabou, literalmente, sobre uma cadeira, e deixou que as lágrimas de alegria lhe corressem livremente pelo rosto.


Este é o segundo de uns quantos apontamentos que aqui apresentaremos, subordinados ao mesmo tema.
Não seguem qualquer ordem cronológica. Não estarão situados no tempo, nem no espaço.
O tempo é relativo. E as memórias afluem sem hora marcada.



publicado por mariazita às 18:19
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Comentários:
De Maria Lúcia Vítor a 3 de Março de 2008 às 18:12
Querida Mariazita,

Seu blog está cada vez mais sensacional. Adorei as novidades.
Beijos da amiga brasileira,
Maria Lucia


responder a comentário discussão


De mariazita a 4 de Março de 2008 às 22:14
Querida Maria Lúcia
Muito obrigada por mais esta sua visita.
As novidades vão continuar, sempre diferentes.
Por isso...volte sempre.
Sabe que gosto de a "ver" por cá.
Beijos
Mariazita


responder a comentário início da discussão


De Zirita a 5 de Março de 2008 às 00:33
Oie Mariazita ... estou me sentindo muito bem na casa da Mariquinhas... além de muito espirituosa, tb muito graciosa... enfim ... Estou muito á vontade aquí .. Parabéns... bjs ... Zirit@


responder a comentário discussão


De mariazita a 6 de Março de 2008 às 16:49
Querida Zirita
Que bom que você gostou da nossa casinha!
Viu como é fácil entrar??? A porta está sempre aberta para as amigas e os amigos.
Obrigada por ter vindo.
Espero que volte, e que continue a sentir-se bem cá dentro.
Beijinhos
Mariazita



responder a comentário início da discussão

6 comentários:

Anónimo disse...

De Maria Lúcia Vítor a 3 de Março de 2008 às 18:12
Querida Mariazita,

Seu blog está cada vez mais sensacional. Adorei as novidades.
Beijos da amiga brasileira,
Maria Lucia

Mariazita disse...

4 de Março de 2008 às 22:14
Querida Maria Lúcia
Muito obrigada por mais esta sua visita.
As novidades vão continuar, sempre diferentes.
Por isso...volte sempre.
Sabe que gosto de a "ver" por cá.
Beijos
Mariazita

Anónimo disse...

De Zirita a 5 de Março de 2008 às 00:33
Oie Mariazita ... estou me sentindo muito bem na casa da Mariquinhas... além de muito espirituosa, tb muito graciosa... enfim ... Estou muito á vontade aquí .. Parabéns... bjs ... Zirit@

Mariazita disse...

6 de Março de 2008 às 16:49
Querida Zirita
Que bom que você gostou da nossa casinha!
Viu como é fácil entrar??? A porta está sempre aberta para as amigas e os amigos.
Obrigada por ter vindo.
Espero que volte, e que continue a sentir-se bem cá dentro.
Beijinhos
Mariazita

Fenix disse...

Que delícia!
vejo que afinal deves ter uns aninhos a mais que eu.
A minha mãe é que passou por uma situação semelhante. A diferença é que não foi grávida. Também foi sozinha, ter com o marido, com quem se tinha casado por procuração.
Eu sou a primeira filha, nascida um anos após o casamento...

Beijinhos

Beatriz Bragança disse...

Querida Mariazita
Que jovem tão corajosa!
Fiquei muito emocionada ao ler a seu relato sobre o nascimento do seu primeiro bébé!
Desejo-vos muitas felicidades, (seja qual for a idade).
Eu também passei por uma situação semelhante: casei e vi o meu marido partir para a Guiné...mas, tive de ficar por cá.
Um beijinho
Beatriz